RIR DO PATRIMÔNIO HEGEMÔNICO
OUTRAS EPISTEMOLOGIAS PARA REFUNDAR O PATRIMÔNIO CULTURAL
Palavras-chave:
Inventário Participativo, Referências Culturais, Patrimônio CulturalResumo
Este artigo parte de uma provocação. No Brasil, as contradições subjacentes ao patrimônio cultural hegemônico são um escárnio. Apesar do esforço dos modernistas e das elites em forjar, por meio do patrimônio, uma história nacional vinculada à modernidade e ao progresso, eles não conseguiram suprimir as memórias e identidades subalternizadas. Como indicou Walter Benjamin (2016), os monumentos da civilização são também documentos da barbárie. A constituição da noção de patrimônio, importada da França revolucionária, além de ser uma ideia fora do lugar, contribui para perpetuação da nossa condição colonial. Os excepcionais patrimônios coloniais também deixam entrever a escravidão. Para desnudar essas contradições, o artigo propõe uma subversão: rir do patrimônio hegemônico. Embora ele reitere a dominação de classe e, nesse sentido, não haja nada engraçado, rir do patrimônio permite destronar os critérios técnico-científicos que privilegiaram os aspectos estético-formais. A partir dessa rasteira, é possível refundar a epistemologia do patrimônio. Os grupos subjugados pela história hegemônica serão valorizados a partir de métodos, paradigmas e temas que considerem seus conhecimentos e suas memórias. Nesse sentido, a noção de referência cultural, o inventário participativo e a educação patrimonial são fundamentais para a “transvaloração de valores” do patrimônio.
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