RIR DO PATRIMÔNIO HEGEMÔNICO

OUTRAS EPISTEMOLOGIAS PARA REFUNDAR O PATRIMÔNIO CULTURAL

Autores

  • Ddo. João Lorandi Demarchi USP Autor

Palavras-chave:

Inventário Participativo, Referências Culturais, Patrimônio Cultural

Resumo

Este artigo parte de uma provocação. No Brasil, as contradições subjacentes ao patrimônio cultural hegemônico são um escárnio. Apesar do esforço dos modernistas e das elites em forjar, por meio do patrimônio, uma história nacional vinculada à modernidade e ao progresso, eles não conseguiram suprimir as memórias e identidades subalternizadas. Como indicou Walter Benjamin (2016), os monumentos da civilização são também documentos da barbárie. A constituição da noção de patrimônio, importada da França revolucionária, além de ser uma ideia fora do lugar, contribui para perpetuação da nossa condição colonial. Os excepcionais patrimônios coloniais também deixam entrever a escravidão. Para desnudar essas contradições, o artigo propõe uma subversão: rir do patrimônio hegemônico. Embora ele reitere a dominação de classe e, nesse sentido, não haja nada engraçado, rir do patrimônio permite destronar os critérios técnico-científicos que privilegiaram os aspectos estético-formais. A partir dessa rasteira, é possível refundar a epistemologia do patrimônio. Os grupos subjugados pela história hegemônica serão valorizados a partir de métodos, paradigmas e temas que considerem seus conhecimentos e suas memórias. Nesse sentido, a noção de referência cultural, o inventário participativo e a educação patrimonial são fundamentais para a “transvaloração de valores” do patrimônio.

Biografia do Autor

  • Ddo. João Lorandi Demarchi, USP

    Doutorando em Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). Mestre em Geografia e graduado em História por essa mesma universidade (FFLCH-USP). Professor dos ensinos fundamental e médio. 

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Publicado

2024-06-13