ENTRE MEMÓRIA E POLÍTICA
A MOBILIZAÇÃO DO PASSADO E DO AUTORITARISMO PELA EXTREMA-DIREITA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018 NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.15118083Palavras-chave:
Passado, Nostalgia da ditadura, Extrema-direitaResumo
Após as eleições de 2022, ocorreram diversas manifestações de apoiadores de Jair Bolsonaro demandando uma ruptura democrática por meio de intervenções militares. Além de indicarem os riscos da radicalização e do extremismo de direita à democracia, esses eventos evidenciaram como o autoritarismo na extrema-direita brasileira está vinculado ao imaginário de tutela das Forças Armadas e do Exército, mesmo que isso signifique a ruptura democrática e à revelia do passado autoritário da Ditadura Militar (1964-1985). Considerando os legados autoritários e os usos políticos do passado pela extrema-direita, neste artigo examinamos como o passado autoritário e a nostalgia da ditadura foram mobilizados na candidatura de Bolsonaro à presidência em 2018, e sua relação com a cultura política brasileira. Para tanto, utilizamos métodos mistos para analisar: (i) atitudes democráticas e autoritárias da população com dados do World Values Survey (1994-2018) e da pesquisa "A Cara da Democracia" (2019-2020); e (ii) narrativas sobre o passado no plano de governo, discursos de posse e lives realizadas na campanha de primeiro e segundo turno de Bolsonaro. Por um lado, identificamos indícios dos legados culturais autoritários entre os brasileiros e, principalmente, entre eleitores de Bolsonaro, que veem a tomada de poder pelos militares como legítima. Por outro, verificamos ideias de um passado longínquo – glorioso, vinculado à Ditadura – e um passado imediato – decadente, vinculado aos governos do PT – sendo utilizadas para construir visões maniqueístas de nós x eles e mobilizar temas de mudança social, lei e ordem, Forças Armadas, democracia, nacionalismo e anti-comunismo/anti-esquerda nos discursos de Bolsonaro. Concluímos que, na campanha de Bolsonaro, a nostalgia da ditadura foi estrategicamente usada para conectar passado, presente e futuro através de visões autoritárias, cujos efeitos deletérios não são restritos à estabilidade democrática, mas também atingem os esforços de memória sobre a Ditadura Militar no debate público.
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