FARMACOLOGIA E PESQUISA MEDICA A PARTIR DOS FUNDOS DOCUMENTAIS DE JOSE RIBEIRO DO VALLE E MAURICIO OSCAR DA ROCHA E SILVA (1934 – 1966)

Resumo

Este artigo visa analisar os embates que permearam a inserção da farmacologia como campo de pesquisa médica entre 1934 e 1966. Para tanto, propõe-se o estudo das carreiras de José Ribeiro do Valle e Maurício Oscar da Rocha e Silva, cientistas que atuaram para legitimar essa área, criando espaços para sua efetivação. Serão expostas as controvérsias que envolveram o reconhecimento dos estudos farmacológicos nas faculdades e institutos médicos. Em um primeiro momento, esse campo foi desprezado pelos médicos clínicos, que não reconheciam a validade dos métodos bioquímicos e fisiológicos empregados pelos farmacologistas. Essa área de investigação se inseriu nos Institutos Butantan e Biológico durante a década de 1930, momento no qual Ribeiro do Valle e Rocha e Silva iniciaram suas trajetórias como pesquisadores. O recorte temporal escolhido abarca o princípio das carreiras desses cientistas, estendendo-se até o momento em que foi criada a primeira associação voltada especificamente aos debates farmacológicos: a Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapia Experimental (SBFTE). Por fim, se discutirá como seus arquivos pessoais contêm fontes relevantes para pensar os caminhos pelos quais a farmacologia adquiriu representação institucional no Brasil. Através dessa documentação, verificaremos como a inserção desse campo de pesquisa no meio médico dependeu de alianças que Ribeiro do Valle e Rocha e Silva estabeleceram com instituições e cientistas nacionais e estrangeiros. Também serão destacadas fontes relacionadas às ações experimentais, analisando as interações estabelecidas com agentes não humanos, tais como substâncias químicas, hormônios e cobaias.